Não me canso de dizer como enfermeiros são os profissionais que mais admiro no mundo. A nossa experiência com nossa prematurinha foi marcada por anjos que nos guiaram e nos deram a mão por 138 dias das nossas vidas. Todos os dias, os dias inteiros. Anjos que cuidaram e salvaram a vida da nossa filha quando ela nasceu tão pequenininha e frágil, que trocaram fraldinhas em um bebê de 600 gramas, que fizeram questão de nos ensinar a tocar no nosso bebê – visto que é um aprendizado o toque no prematuro – que nos ensinaram a trocar suas fraldinhas, que nos estimulavam constantemente a conversar com ela, a cantar, a fazer com que ela ouvisse as nossas vozes. Anjos que curtiam cada novidade e passo importante com amor e empolgação, que a chamavam de linda e mimosa mesmo quando ela era ainda um pequeno feto fora do útero, com a cabecinha raspada, com tantos tubos pelo corpo. Ela não era um bebê Johnson de revista, mas nós pais e aqueles anjos viam além da aparência doente, além do pouco peso, além dos tubos, viam a alma e o potencial daquela criança
Que profissão é essa que não a de anjo?
Que vocação é esta de tanta entrega, de tanto amor, de tanto zelo?
Minha filha teve 73 enfermeiras em seus 138 dias de UTI e lembro de cada uma delas, talvez não mais pelo nome mas pelo rosto, pela voz e pela delicadeza com que nos tratavam. E as 1 ou 2 profissionais que não eram tão amáveis assim, foram tão raras, que hoje Bryan e eu ainda recordamos de conversas com elas de madrugada pelo telefone onde monossilábicas apenas diziam “sem mudanças, sem mudanças”. Foram raras e do seu jeito ranzinza também se fizeram inesquecíveis para nós.
Todos os dias passo na frente de um hospital quando vou para o trabalho e quando vejo um enfermeiro de uniforme caminhando pela rua, percebo que sinto imediatamente um sentimento de compaixão e amor muito grande, mesmo não conhecendo aquela pessoa, mas com a certeza de que se ela escolheu aquela profissão, ela nada mais é que um anjo.
A gratidão que sinto por estes anjos é indescritível.
Lencinho de papel em mãos antes de darem o play no vídeo.