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Post dos grandes, apertem o cinto!
Li uma matéria muito bacana na revista Flare deste mês, onde o colunista aborda a infância que teve e a compara a infância de hoje. O artigo me chamou a atenção pelos motivos óbvios, mas gostei especialmente da maneira bem humorada como o jornalista faz um parâmetro entre o que nós crianças da década de 70/80/90 tínhamos a nossa disposição em termos de atividades e a maneira como nós, adultos e crianças modernos, entendemos o significado da palavra diversão.
Dan Levy me pegou de jeito quando comenta a pena que sente quando vê uma família jantando fora e observa que as crianças da mesa estão assistindo Iphones, Ipads e afins. Ele chama a cena de “prova da falta de interação e conexão em família” e não preciso dizer que senti a flechada no peito!
Putz, vou confessar aqui o que já acredito ter confessado, mas vamos lá: deixo minha filha ver desenho animado enquanto come no restaurante!
Suor escorrendo pela minha testa, fato!
Embora eu saiba que “grande coisa deixar a menina ver desenho animado”, eu entendo o que o jornalista quer dizer e, preguiça e comodidade de mãe à parte, nós estamos sim nos “desconectando” como família, e não a nossa família necessariamente, mas todas as famílias modernas que contam com inúmeros eletrônicos dentro de casa, sendo inclusive disponibilizados para a criançada tão cedo. Muito mais cômodo ir ao restaurante e disponibilizar o celular para ver desenho, do que lidar com a criança e seus rompantes de humor, e para a sanidade geral da nação. damos o Iphone e Youtube. É assim com todo mundo, comigo, com você e coms eu vizinho.
Famílias jantando na frente da TV já conhecemos há décadas e eu confesso que cresci assim e não me sinto inferiorizada em nada como pessoa, mas na minha época nós brincávamos durante o dia, portanto assistir meia horinha de novela das 7 durante a janta não fazia mal a ninguém, mas e agora?
  • Iphones dos pais disponíveis a qualquer hora do dia, recheados de ótimos apps e games.
  • Ipads cheios de desenhos incríveis em uma telinha que mais parece TV 50″ para uma criança de 2 anos.
  • Brinquedinhos eletrônicos variados
  • Video games, Wiis dançantes e Playstations de mão

E que horas mesmo as crianças B-R-I-N-C-A-M?
De boneca.
De bola.
De joguinhos de verdade?
De bicicleta?

Para mim usar eletrônicos não é brincar, e lógico que não ajuda em nada o fato de nós adultos estarmos sempre plugados nos nossos celulares o tempo todo e quando eu faço estas terríveis acusações eu miro a mim mesma, visto que sou mega viciada no meu Iphone! Pronto, falei, se existe um rehab para isso eu iria para lá hoje mesmo.
O jornalista dá um exemplo incrível de como a overdose de mídia social afetará inclusive a adolescência do seu filho, ao perguntar se o adolescente de hoje sentiria a mesmas borboletas no estômago que nós adolescentes dos anos 90 sentíamos ao pedir emprestado um lápis para a nossa “quedinha” da escola. Será que os adolescentes de hoje, plugados em duas ou mais mídias sociais, tendo a capacidade de ler absolutamente tudo sobre seus colegas de escola, sentiriam a mesma emoção e sensação de mistério que nós sentíamos antigamente? Sim, pois no passado para saber a fundo sobre a nossa “quedinha” você teria que falar com ela (!!!) e não ler suas indiretas no status do Facebook.
A matéria da Flare me jogou numa maré de nostalgia pela infância e adolescência ingênuas que eu tive e aquela pontinha de pena de saber que Bella viverá as suas intensamente também, mas de maneira mais plugada e tão menos misteriosa.
Não adianta lutar contra o inevitável, mas eu certamentente lutarei com as armas que eu tenho HOJE:
  • Minha filha ainda é pequena, portanto cabe a mim direcionar sua infância.
  • Sou eu quem disponibilizo ou não os eletrônicos para ela.
Quem determina a infância que uma criança pequena terá são seus pais e portanto cabe a nós tomar a responsabilidade de tornar este momento tão especial em uma infãncia de verdade e não em uma mera meia infância conectada ao mundo virtual do faz de conta.
Este post é apenas o começo de uma série de posts que pretendo escrever nas próximas semanas sobre maneiras como podemos resgatar a interação de verdade em família e dar um gostinho dos nossos bons tempos de infãncia ingênua a nossos filhos.
Tenho muito a aprender, principalmente a como me desconectar da mídia social e focar mais no presente, no agora, e fica difícil demais focar no momento quando os três membros da família estão mexendo em seus eletrônicos.
Aguardem!

6 Comments on A infância ontem, a infãncia hoje

  1. Isabela
    31/07/2012 at 3:10 am (11 years ago)

    Ai Rita, nem me fale viu.
    Desde que Nina começou a comer comidinhas, fora de casa sempre foi uma tarefa bem difícil para ela comer, pois tudo era novidade né.
    O marido da minha prima, já mãe de dois marmanjos (um prestes a casar) de 28 e 25, caiu matando em cima de mim e do Caio porque estávamos mostrando videozinhos do yuotube para ela comer.
    Nunca me esqueci do comentário dele "Que falta de paciência…" nossa, claro que eu me lembro de meus primos pequenos, mas eu criança, não me lembro se deram trabalho.
    Me senti super culpada.
    Acabei de comprar um DVD anti choque para a Nina, aproveitando que o meu quebrou e ela leva para cima e para baixo, inclusive no carro.
    O meu iphone eu tenho conseguido controlar muito mais, mas quando ela pega, é para jogar…tem um app Zig Zag Zaa (acho que é isso) e ela amaaaa, está super rápida no joguinho das sombras.
    Enfim, eu e Caio quando crianças, brincávamos na rua, a porta de casa vivia aberta…mas não dá para comparar com os dias de hoje. Pelo menos aqui no Brasil a gente não se sente segura em nenhum lugar.
    Uma amiga foi assatada dentro de um Shopping semana passada.
    Juro que, as vezes começo a pensar na violência que está aqui e começo a ter pânico de sair de casa…
    Infelizmente aqui, estamos criando nossos filhos dentro de condomínios, mais dependentes, assustadas…uma pena.
    Mas é inevitável que essa nova geração não se ineteresse por essa tecnologia.
    beijão

    Reply
  2. rita
    31/07/2012 at 2:39 pm (11 years ago)

    Oi Isa,
    Sem duvida, com a violencia no Brasil o tempo fora de casa para brincar fica limitadissimo. Mas veja bem aqui em Vancouver chove 8 meses do ano e nao podemos sair de casa, entao temos que suar para distrair as criancas.

    Eu vejo por mim mesma, muitas vezes o desenho animado e Ipad rolam por preguica minha, mais facil deixar ela ver e me dar um tempo, do que eu tentar distrai-la de outra forma.

    Ser mae cansa,a gente sabe, e sem o recurso tecnologico cansa ainda mais, por isso estou procurando dicas de como desplugar a familia toda um pouco.

    Beijocas
    Rita

    Reply
  3. Dani Dani
    31/07/2012 at 4:41 pm (11 years ago)

    Por aqui já houve até uma inversão de papéis.

    Quando comentei com uma tia avó do Biel que coloquei as duas motos elétricas que ele ganhou dentro de um saco preto e entulhei no quarto de empregada, ela ficou cho-ca-da. "Mas como assim?"… É que meu filho anda de BI-CI-CLE-TA pe-da-lan-do. "Coitado do menino, vai crescer numa bolha". Oi? Perdão, pode repetir?

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  4. Myriam Scotti
    01/08/2012 at 2:28 pm (11 years ago)

    Eu confesso, eu confesso!! Sou culpada!! Rsrsrssrsrs…difícil não ceder à tecnologia disponível de hoje. Tento evitar ao máximo, mas, fiz uso do ipad em restaurantes não para que meu filho comesse, mas para que eu e meu marido conseguíssemos 30min de refeição tranquila e juntos, pois, caso contrário, enquanto um jantava, o outro teria que estar correndo atrás do nosso bebê que não quer mais ficar quietinho no carrinho nem por 10min…sei que não é o ideal e já até senti os olhares reprovadores de senhoras e senhores que criaram seus filhos no braço e sem qq artifício tecnológico, mas, comer correndo ou sozinha sempre não é nada agradável…acho que ficar alheio aos recursos é impossível, mas, devem ser usados com parcimônia, senão criaremos robôs e não mais seres pensantes!

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  5. Ana Paula Daleffe
    01/08/2012 at 7:39 pm (11 years ago)

    A minha ainda é pequena, e está começando a gostar bastante de DVD. Mas acredito que ela esta "pegando o gosto" por nossa culpa mesmo… Quantas vezes precisávamos de "um tempinho" e a colocávamos em frente ao aparelho para ficar um pouquinho sozinha… mas tentamos compensar… nos policiamos bastante para não ligar a TV na hora do jantar e sim música, na maioria das vezes funciona. E também procuramos fazer muitas atividades nos finais de semana, como andar de bicicleta, parques.. etc.. que ofusca um pouco os eletrônicos. Na verdade o meu marido também não é muito fã dos eletrônicos, pega bastante no meu pé! Acho que isso ajuda… bjs!

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  6. Michelle Carvalho
    03/08/2012 at 11:23 am (11 years ago)

    Eu amei a fotinha rs, mas concordo com vc quando vc diz que vc que direciona a sua filhota! e vc está certa!
    Adorei o post!

    Beijos

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