Com a minha volta ao trabalho e a iminente ida da Bella para a escolinha, fiquei cheia de dúvidas sobre o momento de ir para a creche, como fazer a adaptação, os benefícios da escolinha para a criança pequena, entre outras dúvidas que acredito que outras mães também tenham.
Quem melhor do que uma pedagoga para explicar em detalhes esta passagem entre a fase de bebê e a ida para a escola?
Qual a hora certa de ir para a escola de educação infantil?
Ouvi diversas vezes os pais dizendo que esperam da escola a seguinte palavra: SOCIALIZAÇÃO. Desejam que seus filhos se socializem com outras crianças e adultos.  
Então, a resposta da pergunta em questão, depende de alguns fatores: Quanto tempo a família dispõe para estar com o seu filho? Atualmente, muitos pais e mães trabalham o dia todo e precisam de um local para deixar os seus filhos, pois não é fácil encontrar pessoas de confiança ou parentes dispostos a exercer tal função. Neste caso, não se trata de escolha, pois é a única opção: TENHO QUE COLOCAR O MEU FILHO NA ESCOLA. Porém, outras famílias, conseguem distribuir o seu tempo entre a profissão e o filho (pois trabalham em casa, entre outros) e assim, a relação entre a criança e seus pais naturalmente irá revelar a hora de ir para a escola. Um exemplo: a criança poderá mostrar o gosto de estar com outras crianças na pracinha (no caso de crianças que não possuem irmãos), ou, no caso de uma criança mais tímida que nestes momentos não busca brincar com outras crianças, seria interessante começar a observar se não seria importante que esta criança começasse a se relacionar com crianças da sua idade. Quero registrar que não existe o certo e o errado, o que precisamos deixar claro é qual situação será mais saudável para o desenvolvimento da criança. 
A família que possui avós por perto e estes disponibilizam tempo e amor para esta criança, poderá deixar para mais tarde a entrada da criança na escola. Porém, se forem avós sem paciência… que deixam a criança assistir televisão o tempo todo… que não interagem com ela… Neste caso, a família deverá pensar sobre que tipo de cuidados e atenção desejam para os seus filhos. 
Para concluir, penso que não existe uma idade certa, a entrada da criança na escola deverá ser pensada a partir da realidade e das necessidades de cada família, sempre refletindo sobre o que será mais saudável para a criança.
 Como escolher a melhor escola para meu filho?
A melhor escola será aquela que atende as necessidades das famílias. Ou seja, é importante que os pais conversem e definam que escola você deseja para os seus filhos: uma escola que dê autonomia para as crianças, uma escola em que todas sejam tratadas da mesma forma, uma escola com regras definidas pelos adultos, uma escola que entenda que a criança necessita de regras e ao mesmo tempo, de carinho, entre outras… Algumas vezes, a escola escolhida pelos seus amigos, poderá não ser a escola mais apropriada para a sua família. 
Como decidir então? Em primeiro lugar, vá conhecer a escola, de preferência 2 vezes (uma vez, somente os pais, e na outra, leve o seu filho). A impressão da criança nos auxilia na hora da escolha. Observe os espaços da escola (salas de aula, pátios, cozinha, banheiros) e como as pessoas se relacionam neste ambiente (se demonstram afeto uns com os outros, se existe parceria entre as pessoas, se as crianças sabem transitar neste ambiente, se este é um ambiente saudável). 
Quando forem conversar sobre a proposta pedagógica da escola, cabe perguntar sobre algumas questões: Como será o período de adaptação do meu filho? Como ocorre o processo de aprendizagem das crianças? Qual a participação das famílias dentro da escola? De forma, nós (família) iremos acompanhar o que meu filho estará aprendendo? Qual cardápio será servido? O que irá acontecer se o meu filho se comportar mal? O que acontecerá se meu filho se machucar na escola?
Estas respostas deverão deixá-los seguros e confiantes na proposta da escola. Um exemplo vivido por mim. Já trabalhei em uma escola em que a participação dos pais era mínima. Eles não podiam entrar na sala de aula, deixavam a criança na porta do prédio e a retiravam no final do turno, sem ao menos saber como foi o dia do seu filho. Porém, em outra escola, os pais entravam na sala de aula da criança, conversavam comigo sobre como o seu filho passou a noite anterior, se despediam sem pressa e no final do turno, buscavam o seu filho na sala de aula e só saíam de lá após o seu filho ou a professora (no caso, eu) terem contado sobre algumas situações vividas naquele dia. Estas duas escolas possuíam os mesmos valores de mensalidade, os mesmo horários de entrada e saída, e estavam repletos de alunos. Porém, esta e outras características faziam os pais optarem por uma ou por outra. Qual seria a melhor escola para você?
 Como será o momento de adaptação do meu filho na escola?
Entendo que a adaptação não será exclusiva da criança e sim, da família toda! É uma nova experiência para todos! Cada escola possui uma forma de adaptar as crianças. Minha opinião, após vivenciar muitas adaptações, é que este momento não possui data de encerramento, ou seja, não podemos afirmar que a criança estará adaptada em 1 semana. Se for possível e se a proposta pedagógica da escola permitir, é muito importante a presença de um dos familiares nos primeiros dias da criança na escola. E também é relevante o tempo que a criança permanece na escola neste período, que poderá começar em torno de 1 hora no primeiro dia; no segundo dia, 1 a 2 horas, podendo a criança participar de uma das refeições; e assim, gradativamente. O familiar ficará presente todo o tempo no primeiro dia para transmitir segurança para a criança, mas a partir do segundo dia, poderá ir se distanciando, e aos poucos, indo embora da escola. Nesta hora é importante identificar como a criança lida com o momento da despedida, nem sempre dar tchau é um ato fácil… Então, converse com a professora (e também com a psicóloga da escola) para estabelecer qual será a melhor conduta neste caso. Diversas podem ser as reações das crianças neste período: algumas choram sempre que se despedem, outras durante o decorrer da tarde ou da manhã e outras nunca choram; algumas se sentem abandonadas e querem o colo da professora o tempo todo e outras brincam tanto (pois é tanta novidade) que choram na hora de ir para casa; em alguns casos, as crianças apresentam reações que não costumam ter: como bater nos colegas, se jogar no chão, gritar, é uma forma de demonstrar algo, talvez a vontade de querer ficar em casa com os pais. 
Portanto, não se sinta culpado por ter que deixar o seu filho na escola. Converse francamente sempre se referindo a escola como um lugar prazeroso, com pessoas legais, brinquedos, atividades, entre tantos outros. Quanto mais seguro os pais estiverem, mais seguro o filho estará quando os pais não estiverem presentes.
Como auxiliar meu filho no período de adaptação escolar?
Como falei antes em transmitir segurança, vou falar sobre algumas dicas neste sentido: Alguns dias antes:
  • converse sobre a ida para a escola,
  • faça passeios em frente a escola para que ele reconheça aquele lugar,
  • se possível, fale sobre a sua escola que você frequenta ou que já frequentou,
  • convide o seu filho para auxiliar na organização da mochila. Esta atitude irá facilitar a adaptação, pois ele irá reconhecer os seus objetos neste período longe de casa. Se for possível, não compre tudo novo! Leve a escova de cabelo que ele costuma usar em casa, a almofada que ele mais gosta, a pasta de dente preferida, o copo preferido, entre outros,
  • Principalmente, deixe claro para a criança o motivo dela estar indo para a escola. 
Na conversa com a professora, conte um pouco sobre a história de vida do seu filho: nascimento, saúde, brincadeiras preferidas, tipo de alimentação (principalmente comente sobre os alimentos que a criança não pode ingerir), sono, principais reações da criança (quando sente raiva, quando fica triste, como costuma dormir, uso do bico e da mamadeira), uso das fraldas, entre outros. Este momento é muito significativo! Fale sobre as suas inseguranças, medos, não saia da escola com dúvidas! Lembre-se: você também está em processo de adaptação! 
Outro exemplo como professora: Na primeira conversa com a mãe de uma aluna, fiquei sabendo que a criança passou 2 meses chorando muito ao se despedir da mãe (na outra escola em que estava matriculada), o que gerava um desconforto enorme para toda a família. Assim, perguntei sobre os gostos da criança e a mãe me contou que ela adorava se fantasiar. Então, no dia do início da adaptação, pedi que a criança viesse vestindo a fantasia que ela mais gostava (a de branca de neve). Eu a recebi fantasiada e ela logo me deu um abraço! Depois de mostrar a escola para ela, entramos na sala de aula e ela viu todos os colegas vestidos com diversas fantasias e deu um lindo sorriso! Em seguida, deu tchau para a sua mãe e foi brincar! Quem saiu chorando da escola… desta vez, foi a mãe de tanta felicidade! Foi uma experiência que deu certo e que pode servir de exemplo para outros educadores!
Como não sentir ciúmes da nova professora?
Estabelecer um vínculo com a professora de seu filho é essencial para o desenvolvimento da criança. Isso não quer dizer, que você deverá se tornar a melhor amiga da professora. E sim, que você saiba valorizar o trabalho docente sempre que possível, criando assim, um vínculo fraterno entre vocês. Algumas vezes, o vínculo da criança com a professora é imediato. A criança fala da professora o tempo todo, dizendo que ela é linda, que o seu cabelo é lindo, que ela conta histórias legais, que ela brinca na pracinha, enfim, estas falas podem fazer com que os pais sintam ciúmes da professora. 
Como eu ainda não sou mãe (mas espero ser!) vou falar do ponto de vista de que, convive com muitas mães. Neste caso, tente avaliar o quanto é positivo o fato da criança estar se sentido bem e principalmente, amada pela sua professora. Este encantamento faz parte da infância e é muito natural que ele aconteça. É algo semelhante ao encantamento das meninas com a Barbie! Neste final de semana, a minha afilhada de 5 anos me mostrou um desenho em que ela desenhou ela e a sua mãe com os cabelos cor de rosa, iguais aos da Barbie! Portanto, veja o lado positivo: seu filho está fazendo vínculos com as pessoas e isso não quer dizer que ele goste menos de você. Não deixe isso prejudicar a sua relação com o seu filho, e sim, entenda o que ele está achando de tão legal nas outras pessoas. É uma forma de conhecer melhor o seu filho! Mas fica a dica: se a criança somente faz referência às situações vividas entre ela e a professora, pode estar na hora de você pensar sobre quanto tempo você disponibiliza para o seu filho. Ele pode estar querendo chamar a sua atenção para isso! Fique atenta!    

Tenho 30 anos, sou gaúcha de Porto Alegre e atuo como pedagoga desde 2001. Sou graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e atualmente, sou mestranda em educação da Faculdade de Educação desta mesma Universidade, vinculada à linha de pesquisa História, Memória e Educação sob a orientação da Profª Dra. Maria Stephanou. No ano de 2007, participei da equipe de fundadores do Centro Educacional Caminhos – Escola de Educação Infantil na cidade de Lajeado (RS), atuando como coordenadora pedagógica até o final do ano de 2010. Tenho experiência na área de Educação, com ênfase em Educação Infantil, Anos Iniciais do Ensino Fundamental e Administração Educacional, atuando principalmente nos seguintes temas: práticas escolares, organização curricular, projeto político-pedagógico e ensino religioso.

4 Comments on Entrevista

  1. rita
    16/08/2011 at 2:20 am (12 years ago)

    Parabens pela entrevista. Achei bem interessate e esclarecedora. Nessa fase muitas duvidas assolam os pais, principalmete os pais de 1a.viagem.

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  2. rita
    16/08/2011 at 4:38 am (12 years ago)

    O comentario feito acima eh da minha mae…minha foto, mas comentarios da Wera Correa

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  3. rita
    16/08/2011 at 4:40 am (12 years ago)

    Agora eh a Rita

    Ameiii a entrevista pois aborda tudo o que nos maes sofrendo com esta nova fase pensamos.

    Duvidas e mais duvidas.

    Nada como uma profissional para ajudar a esclarecer nossas angustias de maes de primeira viagem!

    Beijos e obrigada Carine!
    Rita

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  4. Anonymous
    18/08/2011 at 4:26 pm (12 years ago)

    Eu que agradeço a oportunidade!! beijos com desejos de felicidade com os pequenos!!

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